Peguei a condução, desci a serra.
Intelectuais já estavam prontos para o abate
A cidade pronta para lucrar
Último dia do Festival.
Fim de tarde
Dezoito horas e meu atraso
sábado de ruas pálidas
Mais um sábado e a cidade é um nojo
Choveu aos meus pés quando sai de casa
não vi gota, compunha meu retrato silábico
minha mente registrava adjetivos
que qualificassem o que vi.
Ninguém mais vê nada
O mundo roda impacientemente agora
O sol sai cedo e se põe mais tarde
meu sábado escorre, é escarro.
Passos no cimento
não vejo o que me envolve o pensamento
tenho um cascalho, tem um guri com fome,
tem o aquecimento do mundo
O sol hoje bebe café e produz manchas
não olho para o lado
sou vaidoso e culpado
sou o assassino doloso do sorriso
Estou isento da nudez da lua dourada lá no céu
Vim, li e me isolei
saio para caminhadas noturnas à lua de prata
E não participo muito das calçadas.
As garras rasgam o peito
Os cantos de socorro estão em todos os becos
Nobres, médios, intelecto médios e populares
a cidade de sábado é leito.
Os artistas estão no palco
pedindo penico
e clamando o coro
o povo geme para a foto.
Todos trôpegos
O meu amor trôpego me deixa para trás e clama
clama a chance de se juntar ao coro
Desaparece na multidão, eu penso nas palavras
As linhas escorrem tinta
a tinta é minha virgem nua
grita manuscrito o arrombo, soluça choro salgado,
o retrato da cidade precipita.
O sábado não vem salvar o descanso do domingo,
ninguém irá salvar aquele guri faminto,
o sol é uma locomotiva incontrolável,
só nos resta o sorriso que matei.
O que nos resta são as virgens,
a tristeza nas ruas
e o submundo das danças de sábado à noite.
Meninos, meninas: - Digam Xis...
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Um comentário:
Dommage que tout soit en portugais ;)))
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