14 de setembro de 2009

Senhoras e Senhores

Senhoras e senhores, sejamos francos!
Liberdade é poder de compra,
ainda que o imcomprável seja eterno enquanto dure.
Vos peço o de que me afasto, o bem de não vos machucar enquanto solo.

Senhoras e senhores, amor é lealdade,
solidão é o mal incomparável,
logo então cai idade, como vento cai em proa,
encontramos alguém que vos ature.

Senhoras e senhores, a muito que não vos dirigia a palavra.
agora que dirijo meu tempo lhes esclareço a mim, pois, quem sou.
que o dom da palavra é mais leal que um mal amigo
que mais amigo sou de mim que de vós.

Senhoras e senhores cansei e canso.
Sentado penso por onde andei aos erros.
Choro amigos perdidos no papel
Traio os novos, maldito seja eu infiel!

Senhoras e senhores, como amigo
sou um ótimo amante
como ardente tenho um instante quente co’ela.
Como queimo meus cães acendendo charutos roubados.


Dói na goela dói provar o trago.
Dói no peito dói não estar co’ela.
Dói no seio dela o vazio de mim que lhes ofereço.
Dói voltar somente em pensamento ao começo.

Senhoras e senhores.
Me perdoem e me aqueçam.
Senhoras e senhores vos suplico.
Me esqueçam!

27 de maio de 2009

poema do romance pós moderno

- Amoor, me dá um beijo?
- Pra quê?
........................

9 de maio de 2009

Dentro do Elevador


Dentro do elevador

Não minto ao espelho

Sou mesmo e é isso.


Dentro do elevador;

Meu cachorro no colo

Não me deseja bom dia


(pelo menos ele)


Dentro do elevador

Penso na queda,

No romper os cabos.


Dentro do elevador

Teme-se a queda no espaço

Sem a lembrança de si através do tempo.


Teme-se ter o rosto desconfigurado.


(Tudo, menos desconfigurar-se o rosto)


Teme-se não ter lembrado o riso

Por aqueles que ficarão

Não ter perdoado a última briga


Pensando bem.

Dentro do elevador

Faço as pazes com a vida


Esqueço o espaço de tempo incorruptível

em que tem-se a queda
ao longo da subida


os medos do elevador são os medos naturais


o rosto diário, feio no espelho do elevador

são os anos pairando minha gravitação:

ascensão ao último altar.


Dentro do elevador é o sonho de não acordar.

12 de janeiro de 2009

Mágoa seca para bens

Mágoa seca para bens:

Liste defeitos sórdidos
Corte-me
Pise na alegria do meu canto

Escorre pranto em sucção

Parabéns
De novo parabéns

Conheça-me até o fundo
Exponha-me a feiúra imperativamente
Aos olhos desarmados

Mágoa é gota d’água que afoga
Rancor no desespero
É gota de cacau que cala.

Parabéns
De novo parabéns

Sou todo feio,
Escondo ver em ti as rugas,
Estas que não calam.

Engulo seco
A sede salina da droga

Se soubesses
Do arder,
Latejante ausência alcalóica.

Latêja Latêja Latéja

Se soubesses da minha reza pra ti,
Não me feriria, pediria mal nos búzios.
Dê-me trégua, dei-lhe trégua.

Parabéns
De novo parabéns

Desço escadas com medo
Anjos negros na ausência de luzes
Reconhecem-me o cheiro

Entrego-me a sorte d’alma abandonada
Tristeza trafega meu foco

Sinto um vu to nos meus ombros
É chegada a hora
Os sinos clamam.

Parabéns
Finalmente parabéns

Pelo arrombo no meu peito.

30 de dezembro de 2008

Matadeiro

caudalosa conha côncava,
limo.
escorrega muda no matadeiro.

ressucita, o mar, o mundo
num espirro de onda em pedra

vaga, chicoteia,
brinca
inunda o lindo.

gole vestigioso colore
meu sonho verde pré-cabralino.

Do amarelo, ouro, à ruínas
tombou piscina em terra,
domou cultura em guerra,
emperou oceano em naus,
descobriu café mascavo
em negros panos, sopapos.
foi de aldeia à alcapao.

Sul da ilha do desterro,
em friccao desenterra,
escava escrava um enterro.

Embevece o vento em refúgio
entorpece os olhos
num planar de pio.

Acaricia o horizonte vaga
são cabelos loiros praia,
lâmina azul entre os rochedos.

29 de novembro de 2008

Devir Imóvel

Devir Curitiba lá longe onde nada move.
Onde ninguém mora o inverno não vem.

O inverno passou sem me olhar,
O que resta é o que devo.
A erudição é uma poda,
Pois não me movo.

A desesperança me compele ao escuro,
O cansaço ao silêncio.
O presente de amor morto existe lá fora.
Sou egoísta, não me movo.

Não tenho tempo, matei o amor, já disse.
O devir é um fardo,
O canto é consolo,
A mulher é fôlego.

Emprego é o abandono de deus ao homem.
A vida não é uma carreira de coca,
Mas o vulgo é uma farra
E o prazer existe.

Um turbilhão de sopros de cigarra
espreita a porta, não me movo.
Afloram risos, salve-se quem puder.
Não me movo.

O pecado horizontal é belo.
O que é lúbrico reaviva o corpo.
O que é híbrido enriquece a alma.
O que é dança liberta a palma.

Leio um livro errado.
Olho do alto o horizonte, um morro.
O sol não sai em Curitiba.
Não me movo solidariamente.

Alcalóide acalma,
Devaneio alegra,
Compra mata, mas a aparência engana.

A natureza cura.
Carne apodrece
Meu coração.
A culpa sara.

Os velhos perdoam.
As crianças crêem.
E os cegos amam.
Aprendo isto, mas não me movo.



Sou Curitiba.
Nada mais apropriado.
Imóvel. Novo
Sou um devir.

O verão finge,
Fingimos todos.
Nada mais apropriado.
Somos o devir.

Somos Curitiba.
Somos o inverno imóvel.
O inverno imóvel do amor morto.

O que é ao redor não importa.
Somos o devir.

Lemos Dalton.
Enquanto o batalhão em farra
Espera a volta do messias.

O inverno é que volta,
O devir acorda,
Deus não vem eu sei, porém
Não me movo.

15 de novembro de 2008

Por ser poeta me condeno ao escarro
De livre, em vôo, sepultado.
Entregue, me torno escravo.

Sensível, antes morro, mas não vos entrego aos ratos
Como me entregastes aos homens.
Do mundo corro.

Asas flageladas arrastam o asfalto.
Ares me esquecem o peito, que não sucumbe. A que escalada vã me condenaste? Quão alto?
Socorro...

Perpétuo filho do verso,
O papel é inalação assaltante,
Revido-te num roubo, um instante...
Arrasto-te...um eu lírico, um berro.

Descanso o baço,
E mesmo assim me esquece o fôlego,
Ainda sirvo, eis que sou ferro.