23 de julho de 2008

Fui te buscar neste lugar amigo, voce nao veio..

A solidão que queima como um centavo

revira e revive ardente

à fração quente de fazer virar brasa o cigarro.

Com paixão se apunhala o amargo do não amor estendido

no chão abatido do quarto de prostíbulo,

com decoração de escravas.

Uma senzala aonde as luzes se apagam

assim que afagam os trocos,

sai vestindo-se aos trapos do flagelo dormente

e volta-se para casa.

A chama das palavras se reacende

com o uso desnudo, do feminino,

e dos meninos que brincam em canoas

semi-afundadas no cais de porto;

saias rodadas e bolsas curtas das meninas

semi-adultas, também a brincar com os senhores do paço,

semi-adúlteros, sem esconder a culpa dos passos regressos,

exalantes odores de vulva.

Seguem-lhes certa madrugada as semiviúvas

cansadas de maltrato. E choram, e se conformam, e se lamentam ao poeta

que deparam vestindo a rabeca ao sair da escuridão do beco, da boca do beijo

que fizera apagar as velas.

Tropeça-lhe uma lágrima desejosa de vingança e outro de cortejo.

As palavras se reascendem, derretem cera, que seca fria

em um candelabro de mazelas.

Sr Escritor: deite as palavras no lenço branco,

ao deixar a esposa cornada na porta de casa;

seque o pranto sem asas e enxugue o lirismo do poema franco,

que se conclua como quiser.

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