18 de março de 2008

Noites

Uivos do vento.
Roncos do aposento me contornam.
O corredor subindo
ao meu andar sem sono.

Ruídos da noite.
Tenebrosos ruídos me disperssam.
Açoites sem dono.
Nada mais é moderno.

Nada menos depende do dono,
o céu escuro em pensamentos claros.
Pés descalços, suspensos, dispertos
me levantam da cama ao trono.

Pernas pro ar. A noite me faz a fora.
A inspiração aflora e vou.
Me rendo ao palavrório
que cessa o não cansaço e me deita.

Um traço "vivaz".
Garrancho a mais me resta desses dias.
Me condeno medíocre
ao mundo, inimigo da fantasia.

Só o que resta.
Peripécias do escrito apático.
Qual foi o hábito de escrita
que restou aos bons poetas?

Nada mais é moderno.
Esvaia-se vazão do contemporâneo!
O que virá de vanguarda?
Um nada novo sem fim externo.