25 de maio de 2008

Flutue...

Quanto mais o conhecimento nos acolhe sóbrio em sua morada, nos recepciona encharcados vindos da tempestade da resistência de se admitir possibilidades intimamente novas, plenas. O conhecimento nos drena a piedade excessiva e impiedosa, piedade que nos guia ao desperdício da sensibilidade extraordinária, pois nossa mente voltada à verdade da vontade própria, goza, sórdida, sombria, secretamente goza e cria um humano maior, mais ser, mais próximo do transformar constante do ser que se renova e, então, renasce.
Sórdida felicidade constante o processo perpétuo do conhecer. Há instinto e as futilidades nos confortam. E, dê graças qualquer, pois as futilidades possibilitam suportarmos a inexatidão doída da aparente existência.
Ratifique-se, portanto, que felicidade existe, e não somente existe mais resulta da simplificação à beleza do necessário como vontade e não condição de existência. Dê graças e faça parecer perecer ao contrário, a vontade só existe após a invenção do tempo, pois têm se pressa em sentir-se qualquer futilidade outra que não apenas estar vivo. Felicidade nua no nada, toda sua, bela onipresente, sem limite, não duvide. Conheça novas mentiras e perca o tempo que não se renova, brinque com ele. Conheça e dê abrigo aos que baterem à sua porta, impiedosamente dê-lhes o castigo de tirá-los da chuva e fazer o que o conhecimento fez. Tire os da chuva que os impele a temer as nuvens. Permita-nos flutuar nos sentidos que nos mantêm lúcidos.

17 de maio de 2008

Meu Ensaio

Ensaio de uma volta celeste:

uma nuvem a galope,
cavalheira ao tempo que passou,
me envolve em sopro;
passado é o destino, a estrada em pó é o vento
me leva em carona
mais penso avante em contratempo
vem e volta, vou voltar
Passo tão passante os dias
as ruas escuras amanhecem e crescem,
as ruas crescem e tudo parece mais distante
lembro o que ficou
por entres correntes, galerias de ar
ar que encerra os carregados vestígios, vão aonde eu vou.
Voar livre vendo restos,
escombros que não mais voltarão a ser o que foram.
Vou-me embora, vejo lá fora,
vejo um ir-me embora, vou voltar.
Vestido com o passado,
a culpa estampada ao traje, eu lavo.
Novo, uso de novo para viver nuvem nova.
Flutuo leve avante ao tempo.

Me leve nuvem,
em seu vôo livre e lento,
deixe estar ao meu redor.

Deixa ser aonde for, que vou.
Vou-me embora, vou voltar.