24 de julho de 2007

Joaninha...

Marrom, ocre e luz entrando.
Cortina, aguá na chaleira,
mesa quadrada de madeira,
quatro quadeiras, seus pés nús...

uma lata de biscoitos finos,
azul; papéizinhos brancos bem dobrados,
poucos farelos cobrindo,
uns na superfície e tantos no assoalho...

a sede...
os olhos voltando-se para a porta...

um vestido de amarra
com cordão na frente
dormente, sono que passa,
fumaça, oito da manhã...

I - Querida que cedo você acordou...
II - Sim, dá um copo d'água?

o braço leve
planando com uma jóinha
que balbucia dourada,
a mão esticada, linda.

Vinícius Andrade Vieira

21 de julho de 2007

Rochedos

Despedidas: navios negreiros,
veleiros em coma ,um silencioso vendaval.
Uma acusação que vira convencimento,
Um convencimento que vira acusação.

Um aval mútuo,
um pesar momento de compreensão...
Sem lamento, sem tchau...
Um telefone escrito no guardanapo...

Pra nunca ligar perguntando o que aconteceu,
O que acontece, ou só pra bater um papo...
Despedidas sofridas...
Uma presença invisível atormentando os dias....

Atormentando as noites.
Atormentando as recordações.
Sem saudade, não tem saudade na despedida;
Só o que tem é uma sofrida e talvez costumeira inquietação...

um esquecimento pelos lugares...
pelo tempo ou até mesmo pelas dimensões.
A despedida que floresce em emoções
tem destino à terra fria embaixo do solo gramado...

è chão molhado que seca gelado...
é um infindo partir ao meio sem regeneração...
é um infindo fim do infinito...
é uma impossibilidade de dizer não...

20 de julho de 2007

Equilibrium ; meu desabrochar....

“Nos situamos em uma contemporaneidade esquizofrênica, a loucura é a compreensão do universo de si; fluindo para dentro de si, se chama deus”.
Nós homens , somos todos infinitos; masculino e feminino, simples e complexos, belos e horrendos, tudo e nada, sempre e nunca, enxergamos e somos cegos, solitários em multidões, o bem e o mal; escravos livres de nós mesmos. Eufóricos estagnados, pois a euforia e a estagnação são sós em si, procuramos então pelas respostas que já temos para as perguntas que nunca fizemos, em lugares novos que já conhecemos, dentro de nós mesmos. Assim a existência desaparece como uma névoa e a coexistência surge como o nascer do sol e uma vez que a existência é nada e a coexistência tudo é, ambas coexistem formando o todo.”

22 09 2005

Vinícius Andrade Vieira

14 de julho de 2007

Paquerê...estranhos no bar...

Dia dez,
Desdém, dádiva...

Diamante sem ritmo...
Dentes doces, deitados...

Indolente desenho

Deleite divino,
Dezessete sentidos

Denominação:

Lucíola,
De novo Lucíola

Duas e duas dúzias
Dentro do inaudível...

8 de julho de 2007

Ad Eternum...

Olho pra cima e toco aonde os pássaros adormecem,
tento sentir o conforto por entre os ramos
dos campos aonde as cores florescem.

Será a morte vindo?

Quanto mais vivo menos a desejo
e mais a amo.
Tal lampejo que cessa as cucuvias vindo,

que padecem...

enrijece o sopro cisudo de todo terrestre,
faz tudo inadvertido.
Dá nos afeição aos grandes pais, pais de nossos pais,

que padecem...

Nos conduz na bela dança,
e gira , pomba-gira balança,
ri, todos se divertem, todos...

que padecem...

As pedras marretam o oceano através das ondas,
Se fizer conchinha no pé do ouvido ouve-se de longe,
ela vindo, a onda, fatal contra os rochedos, trazendo envolto tudo que se enrijece...

e que padecem...

7 de julho de 2007

Desilusão...

cão de cócoras
cômoda da altura da cintura
quero tirar uma foto
cade minha câmera de retratos?

cansada foi pras cucúia

razão quase esotérica
histérico magoar cotidiano
apequenar o mundo na hora do arrependimento
é tarde...

choro nem vela

aquarela sai n'água
mágoas marcam pra sempre a pintura da tela
respostas inexatas são furada
só matam o amor a cada dia

se começa do dez , então só regride

se começa do zero, não agride
somos todos agridoce
uns azedos, outros mais doces
no fim das contas é só desejo

medo da solidão e vaidade tola.

3 de julho de 2007

Asfixia à gás

Sem volúpias aveludadas
ou mesmo veludosas , vaidades voláteis

verdades venéreas
vielas velozes

vozes
vozes

fuga sagaz;
cheiro sem cheiro do gás

lento colapso, processo fatal
perda do senso de sono vital

morte
morte


letal inalação
botijão de tristeza

velório veemente;
velozes velas

lágrimas e vozes viúvas;
mazelas, uvas negras

caixão
no chão
contrátil
caixão