Ensaio de uma volta celeste:
uma nuvem a galope,
cavalheira ao tempo que passou,
me envolve em sopro;
passado é o destino, a estrada em pó é o vento
me leva em carona
mais penso avante em contratempo
vem e volta, vou voltar
Passo tão passante os dias
as ruas escuras amanhecem e crescem,
as ruas crescem e tudo parece mais distante
lembro o que ficou
por entres correntes, galerias de ar
ar que encerra os carregados vestígios, vão aonde eu vou.
Voar livre vendo restos,
escombros que não mais voltarão a ser o que foram.
Vou-me embora, vejo lá fora,
vejo um ir-me embora, vou voltar.
Vestido com o passado,
a culpa estampada ao traje, eu lavo.
Novo, uso de novo para viver nuvem nova.
Flutuo leve avante ao tempo.
Me leve nuvem,
em seu vôo livre e lento,
deixe estar ao meu redor.
Deixa ser aonde for, que vou.
Vou-me embora, vou voltar.
Um comentário:
Mesmo para o sedentário o mundo gira. Que dirá pra quem experimenta a estrada - especialmente a interior.
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