Pedi pelo afago das flores. Colhi-me em migalhas, guardei-me em “Piquena”, nas veredas dela.
Penso logo me emociona existires singela.
Amores vários te vestiam, juntei os retalhos.
Dos pássaros retirei o canto. Despi-me da razão, falso manto.
Na malha que teci, pouco cabe. Cabe o canto que canto para ela:
- que a encontrei quando não quis
mais procurar o meu amor.
”Piquena” nua, sorrindo, cabe em minha malha,
pura, flor criança.
Mulher a ser servida
Com o carinho do recital dos pássaros ao sol surgir entre as montanhas.
Cabe um juramento e cabe que te cubras que lhe é direito:
- Que eu te sirva, pois flor, marés, alvorada, lua cheia e o cochicho das estrelas
às três da madrugada, foram criados à sua semelhança.
Me balbucie assim mais amanhã e amanhã direi o mesmo.
”Piquena” batendo contra as ondas:
- Me leva, me embala e me consome um saculejo dos dias à espera dos anos.
Seja meu anjo “Piquena" e será minha, eterna Primavera.
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