9 de maio de 2009

Dentro do Elevador


Dentro do elevador

Não minto ao espelho

Sou mesmo e é isso.


Dentro do elevador;

Meu cachorro no colo

Não me deseja bom dia


(pelo menos ele)


Dentro do elevador

Penso na queda,

No romper os cabos.


Dentro do elevador

Teme-se a queda no espaço

Sem a lembrança de si através do tempo.


Teme-se ter o rosto desconfigurado.


(Tudo, menos desconfigurar-se o rosto)


Teme-se não ter lembrado o riso

Por aqueles que ficarão

Não ter perdoado a última briga


Pensando bem.

Dentro do elevador

Faço as pazes com a vida


Esqueço o espaço de tempo incorruptível

em que tem-se a queda
ao longo da subida


os medos do elevador são os medos naturais


o rosto diário, feio no espelho do elevador

são os anos pairando minha gravitação:

ascensão ao último altar.


Dentro do elevador é o sonho de não acordar.

Nenhum comentário: