Uivos do vento.
Roncos do aposento me contornam.
O corredor subindo
ao meu andar sem sono.
Ruídos da noite.
Tenebrosos ruídos me disperssam.
Açoites sem dono.
Nada mais é moderno.
Nada menos depende do dono,
o céu escuro em pensamentos claros.
Pés descalços, suspensos, dispertos
me levantam da cama ao trono.
Pernas pro ar. A noite me faz a fora.
A inspiração aflora e vou.
Me rendo ao palavrório
que cessa o não cansaço e me deita.
Um traço "vivaz".
Garrancho a mais me resta desses dias.
Me condeno medíocre
ao mundo, inimigo da fantasia.
Só o que resta.
Peripécias do escrito apático.
Qual foi o hábito de escrita
que restou aos bons poetas?
Nada mais é moderno.
Esvaia-se vazão do contemporâneo!
O que virá de vanguarda?
Um nada novo sem fim externo.
18 de março de 2008
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